Programação do terceiro dia debateu a importância da preparação das propriedades para fase final do ciclo pecuário
O terceiro dia de programação na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, realizada em Presidente Prudente (SP), trouxe mais um painel “A conta do boi”, dessa vez, abordando a fase da terminação na pecuária. Na abertura do Fórum Feicorte, o moderador do painel e diretor de Mercado Corte da Semex Brasil, Daniel Carvalho, comparou a fazenda a um organismo vivo, que demanda cuidado em todas as suas partes.
“Seja pelas pessoas, pela pastagem, pela água ou pelo gado, a fazenda é viva e merece ser cuidada como tal”, enfatizou, reforçando que a pecuária deve ser encarada com o mesmo profissionalismo que outros setores da economia, como a agricultura e a indústria, especialmente diante de decisões críticas em ciclos de alta ou baixa. “Somos líderes da cadeia produtiva e precisamos atuar como tal”, definiu.
O notável destaque brasileiro no cenário global na comparação com os sistemas de outros países, como a China ou os Estados Unidos foi abordado na palestra "Brasil x Mundo e Seus Sistemas de Produção na Terminação" pelo zootecnista e gerente Global de Tecnologia de Bovinos de Corte da Cargill Nutrição Animal, Pedro Veiga, que comparou a prática entre essas nações.
“Nos Estados Unidos, por exemplo, há um amplo investimento em genética, mas a produção já atingiu o seu limite, levando à exploração de novas práticas, como o uso de vacas leiteiras para produção de bezerros (Beef from Dairy). Já na China, o governo busca reduzir a dependência de importações por meio da profissionalização da pecuária, e apesar dos avanços, mesmo quando atingirem o ápice, os chineses ainda dependerão de 30% de carne importada. Por isso, o Brasil tem uma grande oportunidade de suprir essa demanda crescente por alimentos em um mundo em expansão populacional e econômica”, analisou Veiga.
Olhando o mercado além das fronteiras, um planejamento eficiente para a terminação pode ser o diferencial. Na palestra “Planejamento para a Terminação da Carcaça”, o pesquisador científico da APTA Colina/SP e coordenador do Projeto Boi 777, Flavio Dutra afirmou que o confinamento e a terminação são comparáveis a uma corrida de 100 metros: “Ela pode ter obstáculos, como o custo da arroba, mas, em um cenário mais favorável, como o atual, é essencial saber o que produzir e para qual mercado”.
Dutra reforçou que integrar os diferentes elos da cadeia produtiva é fundamental para garantir eficiência financeira e previsibilidade, algo que a pecuária pode aprender com setores como a avicultura. “No frango, a previsibilidade é alta, abatemos com 42 dias. Já o boi demanda mais tempo, mas podemos buscar maior controle e eficiência nesse processo”, resumiu.
Encerrando o painel sobre terminação, o zootecnista e sócio da Cost@ Agroconfinamento, Tiago Costa destacou a importância de uma gestão eficiente dentro da porteira para assegurar resultados consistentes. “O que fazemos da porteira para dentro é crucial. É onde conseguimos controlar a operação e garantir eficiência, que deve ser a palavra-chave no dia a dia da fazenda”, afirmou.
Para Costa, planejar com clareza o que se deseja alcançar é essencial antes de iniciar qualquer operação. “É preciso saber o que você quer produzir lá na frente, entender o negócio, alinhar processos internos e só então pensar na venda, garantindo que o animal traga o retorno esperado”, finalizou.
Comentários